Capítulo 1
Nada mais desconfortável que ter de ir
numa manhã de quarta - feira buscar as notas das provas finais no colégio, de
certa forma não me incomoda, pois quase ninguém se importava com isso, acho que
só eu que sempre fui de me cobrar bastante sobre minhas conquistas, contudo
naquela mesma manhã como sempre, abracei minhas duas gatas de estimação, Kakall
e Ryoohki, meus bebês, tentei cumprimentar minha mãe o que nunca foi um
sucesso, já que eu e ela nunca fomos próximas, acho que ela nunca quis uma
filha na verdade e meu pai que no final se mostrou um pouco defeituoso na sua
função, o que é lamentável, mas não via a hora de seguir com minha vida e
deixar tudo isso no passado.
Já
no colégio quase vazio, exceto por alguns poucos alunos que como eu se
importavam com suas notas e alguns professores que não viam a hora de ir embora
e a coordenadora que sempre gostava de demostrar se importar com os alunos que
não se importavam com ela, uma vez deixei minha insatisfação com a vida
transbordar e fui convidada a uma série de questionários quanto ao que
importunava, bom nada disse, pois nada tinha a ser dito, mas devo admitir que
depois daquele dia tive mais cuidado com minhas palavras, pois nem todos sabem
respeitar a escolha do silêncio, sempre odiei falar de mim, por isso nunca me
interessei pelos outros, acredito no respeito.
Caminhando pela escola, apenas com a intenção
de me despedir já que era meu último ano letivo, entrei em algumas classes em
que tive bons momentos e conheci pessoas especiais, mas que no próximo
ano não estariam mais na minha vida e por alguma razão não me importava com
aquilo, sempre fui fã da solidão, como última parada me encaminhei ao banheiro
onde uma menina baixinha que nunca vi na escola antes, ela vestia um vestido preto de caimento único, que mostrava que ela não tinha nenhuma curva em seu corpo, como se isso importasse, seus sapatos eram igualmente pretos e de estilo gótico, ela se arrumava frente ao
espelho apenas mexendo no cabelo, bom mas não estava ali para aquilo. Quando sai da cabine o banheiro
estava diferente e havia várias gaiolas penduradas.
-
Desculpe as vezes deixo escapar minhas ideias. - Disse a menina que antes se
arrumava frente ao espelho.
-
Estranho, você já experimentou usar uma folha? - Não sei bem porque ironizei.
-
Isso não te assusta? - Ela pareceu surpresa. Mas como disse não me importo com
a vida dos outros, mal tenho tempo para a minha.
-
Não! Não me importo.
-
Por acaso você tem algum dom também? - Ela parecia esperançosa.
-
Isso aqui é um dom? Bom não, sou clichê como os outros.
-
Gosto do modo como você fala.
-
Se me dá licença, tenho que ir para casa? - Comecei a me direcionar a saída.
-
Bom, mesmo que você não se importe, permita me apresentar. Meu nome é Nathali.
-
Certo, com licença, Nathali. - Mas ela me deteve.
-
Espere! E o seu nome?
-
Isso importa?
-
Claro! Por favor me diga. - Insistiu.
-
Ok, Meu nome é Lyreia. - Sim, esse realmente era meu nome e acho que se
cooperasse poderia sair dali mais rápido. - Posso me retirar agora?
-
Claro vamos ter muito tempo para conversar depois. - Nesse momento já havia me
retirado do banheiro, e quando olhei para dentro ela havia sumido.
"Ok! Posso assumir que estou ficando louca."
"Ok! Posso assumir que estou ficando louca."
Chegando em casa fui recepcionada pela Kakall,
que como sempre me ignorou, pois ela é a dona da casa, na verdade ela gostava de um colo e de carinho em excesso, contudo assim que ela percebia a presença da Ryh, ela sempre disfarçava, e eu tinha de colocar
ração a quase 1h, tão linda fazendo birra, Ryoohki vei assim que ouviu o som da
ração. Depois disso resolvi me isolar no meu quarto junto a um bom livro,
lembro de está lendo H.P., quando ouço uma explosão vinda da rua, diferente do
resto da vizinhança apenas fui averiguar se minhas gatas estavam bem e não as
encontrei em lugar nenhum, depois de um tempo a vizinha veio informar que elas
haviam entrado na sua casa e indo busca-las presenciei a coisa mais absurda de
toda minha vida, um homem alto, um tanto gordo e com vestimentas de cozinheiro,
prendera minhas gatas em gaiolas e estava apontando uma faca para elas e
falando em uma língua que nunca havia escutado antes.
- O
QUE PENSA ESTAR FAZENDO? - Gritei como se não houvesse amanhã e corri para
junto delas e agarrei a gaiola.
-
Preparando o jantar, claro.
-
Não! O que está fazendo colocando minhas gatas numa gaiola?
-
Rá! Elas são o jantar!
Depois de ouvir aquilo corri o mais rápido que
pude, minhas pernas doeram, mas agora estávamos em casa e tranquei a porta,
além da chave, com a comoda mais próxima e me escondi no meu quarto, coloquei
elas, que ainda estavam dentro da gaiola, no guarda roupa, e peguei a espada
que meu pai guardava de sua coleção pessoal, depois voltei para o quarto iria
defende-las custe o que custasse.
Quando
adentrei o quarto havia um homem sentado na minha cama, mas nunca tinha visto
ninguém como ele, era alto, tinha cabelos brancos, olhos violeta, e sua
vestimenta parecia ter saído de um filme elfico, ele mesmo parecia um elfo.
Quando se deu conta de minha presença, se levantou, e sorriu para mim, por
alguma razão chorei e não conseguia deter minhas lágrimas, saíam sem que eu
quisesse, céus e queria abraça-lo, mas mantive a compostura, afinal talvez
estivesse ali para pegar minhas gatas e entregar para aquele, pisicofelino.
-
Não sei que é você, mas não se aproxime. - O alertei.
Ele
continuou parado e sorrindo, nada disse e continuou onde estava, mas agora se
sentava novamente na cama e observava minha fotos no armário, se direcionou ao
móvel e começou a tocar a fotos, com o mesmo sorriso doce no rosto, mas por que
eu continuava chorando, eu não sabia.
-
Você cresceu muito, meu bem! - Ele finalmente disse algo.
-
Quem é você?
-
Seu pai.
-
Não meu pai está trabalhando e com certeza não é você. Logo atrás de você tem
um espelho, use-o para entender que não nós parecemos, olhando para você diria
apenas que é um homem muito estranho. - Dessa vez acho que falei demais. - Não
quero te ofender, mas ... - Achei melhor calar a boca.
-
Eu sei que não nós parecemos fisicamente, você parece mais com sua mãe. E não
se preocupe eu não me ofendi, na sua posição também acharia estranho um homem
trajado como eu no seu quarto. Vim aqui apenas para leva-la para casa.
-
Eu já estou em casa e não vou a lugar algum, tenho duas gatas para criar.
-
Eu sei de tudo e desculpe o ocorrido naquela cozinha agora a pouco, nosso
cozinheiro insistiu em buscar seres diferentes para nós alimentar. Alias, pode
traze-las se assim preferir.
-
Onde exatamente você mora?
-
Você vai amar, tenho certeza, lá somos mais pacíficos que nesse seu mundo de
guerras.
-
Mundo?
-
Pegue suas gatas e o que mais quiser levar, sei que ama ler, tenho observado
que você tem um gosto variado para leitura, e espero que a biblioteca de nossa
casa lhe agrade.
-
Você tem uma biblioteca?
-
Nós temos, meu bem.
-
Mas e minha família atual? Não posso ir sem deixar nenhuma informação.
-
Não se preocupe, eles nem lembrarão que você um dia existiu.
-
Isso procede mesmo? Porque acho que estou sonhando agora. - Resolvi pular da
cama direto para o chão para acordar, mas enquanto caia ele me segurou e disse
não ser necessário tanto.
Depois de seu abraço, me afastei rapidamente,
por alguma razão fiquei envergonhada, mas fiz o que ele disse, peguei minhas
gatas e quando ia escolher alguns livros, estavam todos empilhado como uma
caixa e minhas fotografias estavam juntas, os olhos dele , antes violeta, agora
eram amarelos, o que o deixou ainda mais bonito, realmente inacreditável que
aquele homem fosse meu pai, mas também sabia que iria acordar a qualquer
momento e voltar para minha realidade patética.
Segundos depois surgiram três homens no quarto
o primeiro, tinha uma postura madura e séria, o segundo parecia ter saído de um
filme de samurai e tinha um aspecto sereno e tranquilo que me trazia paz só de
olhar para ele o terceiro tinha orelhas de gato e parecia um adolescente
travesso e brincalhão, mesmo assim trajava uma vestimenta gótico que
também lhe atribuía uma aparência mais dark, sinceramente eu gostei,
contudo foi o primeiro que quebrou o silêncio, ele vestia uma roupa simples e
estava descalço, todos os três eram lindos e se pareciam com o homem que disse
ser meu pai.
-
Pai, terminamos com os sequestradores. Podemos voltar para casa agora?
- É
claro Briareu. - Briareu, que nome diferente e bonito, na minha opinião claro.
O
terceiro que entrou agora me encarava muito de perto e parecia mais interessado
ainda nas minhas gatas, foi então que ele reparou no espelho e me puxou para
perto analisando suas próprias orelhas e as das gatas, senti vontade de rir,
afinal ele era fofo tive vontade de aperta-lo, mas ele olhou sério para mim.
-
Eu sou superior de qualquer forma.
-
Acredito que sim. - Respondi, mas ele me ignorou e voltou para junto dos
outros.
-
Semic, por favor não incomode sua irmã. - Advertiu o pai.
-
Desculpe! - Interrompi. - Mas qual é o seu nome?
-
Há claro, me chamo Rió, mas ficaria feliz se me chamasse de pai.
-
Bom isso leva tempo, mas vou tentar.
-
Levem as coisas dela. - Pediu Rió para os outros que confirmaram com a cabeça e
carregaram minhas coisas como se não fosse nada além de uma folha de papel.
Depois de sumirem ficou apenas eu e Rió, ele
ficou me encarando e acho que teria alguma explicação quanto a minha origem,
afinal se ele me queria de volta por quê só agora?
-
Você pode ficar um pouco tonta afinal é sua primeira viagem para outro mundo,
mas estarei do seu lado acredite. - Apenas confirmei com a cabeça, minhas
gatas, meus livros e roupas já haviam ido na frente não tinha com o quê me
preocupar. Mas como ele me adivertiu eu desmaiei.

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